Por decisão da Mesa Diretora os deputados da Assembleia Legislativa (Ales) prestaram, na sessão ordinária desta segunda-feira (18), homenagem a 74 profissionais da segurança pública envolvidos na Operação Sicário Xeque-Mate que prendeu, no dia 8 de março, Fernando Morais Pereira, o Marujo.
Até então chefe do Primeiro Comando de Vitória (PCV), Marujo era tido como o criminoso mais procurado do Espírito Santo, devido à liderança que desempenhava no tráfico de drogas e armas.
O presidente da Casa, Marcelo Santos (Podemos), que interrompeu a sessão ordinária para realizar a entrega de certificados, afirmou não se tratar apenas de uma homenagem exclusivamente motivada pela prisão de Marujo, mas pelo trabalho que os policiais vêm desenvolvendo ao longo dos anos.
“Muitos de vocês, inclusive, já trabalharam com o delegado Danilo Bahiense, Capitão Assumção e Coronel Weliton, hoje deputados nesta Casa. Então o trabalho prestado ao povo capixaba é muito extenso”, destacou.
Marcelo fez menção especial à liderança do secretário de Estado de Segurança Pública, Eugênio Ricas, e do delegado-chefe da Polícia Civil, Darcy Arruda, ao cumprimentar os policiais envolvidos na operação contra o traficante.
“Sabemos das dificuldades que vocês enfrentam para combater o crime e, neste sentido, estamos atentos para continuar colaborando da melhor forma possível para mais investimentos em equipamentos, inteligência e melhores condições de trabalho das forças policiais”, assegurou.
As palavras de Marcelo Santos foram reforçadas pelo presidente da Comissão de Segurança, Delegado Danilo Bahiense (PL), ao enfatizar o sucesso da operação que alcançou Marujo como a prova da eficiência do trabalho das forças policiais unidas, apesar dos poucos recursos.
Ele acrescentou que os resultados serão melhores ainda quando houver mais efetivo, equipamentos e melhores salários, haja vista os policiais capixabas terem remuneração “mais baixa do que a verificada em muitos estados”.
Os deputados Engenheiro José Esmeraldo (PDT) e Coronel Weliton (PRD) também parabenizaram os policiais pelos serviços prestados à sociedade e defenderam mais investimentos na área. Na semana passada a Comissão de Justiça também realizou homenagem aos profissionais envolvidos na operação que resultou na prisão de Marujo.
Estado presente
Eugênio Ricas agradeceu ao Parlamento estadual pelas homenagens prestadas e disse que o mérito da operação pertence de fato aos policiais civis, que desenvolveram um serviço de inteligência eficiente com apoio da Polícia Penal.
“Conseguiram localizar Marujo com uma precisão cirúrgica, prenderam-no sem dar um único tiro, apesar de que ele estava bem armado, com fuzil 556 e muita munição pesada”, relatou.
O secretário destacou também o apoio da Polícia Militar pelo monitoramento realizado nos dias seguintes ao da prisão, impedindo a ocorrência de atos vandalismo.
“Esta prisão foi tão importante que desde que Marujo foi pego não registramos ainda nenhum homicídio em Vitória”, comemorou Ricas, citando a detenção do traficante como símbolo da eficiência da integração das polícias e das secretarias estaduais prevista no programa Estado Presente, implantado em 2011 em mandato anterior do governador Renato Casagrande.
Segundo Eugênio, desde o Estado Presente o Espírito Santo tem registrado reduções consistentes no número de homicídios, sendo que em 2023 houve o menor índice da série histórica (não citou dados comparativos).
Dinheiro de volta
Darcy Arruda anunciou que após a prisão de Marujo uma nova missão foi passada pelo secretário de Segurança no sentido de recuperar ativos mediante investigação de lavagem de dinheiro praticada por criminosos no estado. “Nossa tarefa agora é descapitalizar o crime”, avisou.
Ele disse que graças a lei estadual aprovada pela Ales o “produto interno bruto” que for arrecadado mediante o combate à criminalidade será revertido para investimentos na própria polícia.
“Acreditamos que num prazo de cinco anos a Polícia Civil não precisará mais de investimentos do estado, pois seremos independentes financeiramente graças à recuperação de ativos decorrente da descapitalização das organizações criminosas”, explicou.
Arruda destacou ainda os avanços da Polícia Civil capixaba na área da inteligência e ressaltou o impulso a partir da implantação de um centro de análises telemáticas com investimentos de R$ 40 milhões liberados pelo Poder Executivo.
“Esse centro permite à Polícia Civil produzir conhecimentos, o que torna nossa corporação uma das mais avançadas do país em investigação orientada por inteligência”, disse.
O mais novo centro a ser implantado na Civil, segundo Arruda, será o de Operações, graças à aquisição de uma ferramenta chamada de guardião. O delegado afirmou que, atualmente, além do telemático, estão em funcionamento na Polícia Civil os seguintes laboratórios: cibernético, lavagem de dinheiro e recuperação de ativos e análise criminal.