quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Maioria dos negócios “quebra” antes de 5 anos por falta de preparo

Maioria dos negócios “quebra” antes de 5 anos por falta de preparo

A maioria dos negócios “quebra” antes de completar cinco anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae. Na maioria dos casos, isso ocorre por falta de preparo. Os principais erros que levam ao fechamento são falta de preparo pessoal e capacitação, planejamento fraco ou a inexistência do mesmo, gestão amadora, falta de pesquisa de mercado, e claro, resistência à adaptação, segundo Renata Braga, analista do Sebrae-ES. “Transformar um hobby em negócio pode dar certo, mas só se houver mercado real para aquilo”. Os dados do Sebrae mostram que negócios ligados ao consumo básico e cotidiano costumam ter maior taxa de sobrevivência, explicou Renata. “Em média, panificadoras, chaveiros, cabeleireiros, borracharias e pequenos comércios de bairro têm taxas de sobrevivência acima de 85% nos primeiros dois anos. Ou seja, o essencial, o próximo de casa, o serviço bem-feito ainda são apostas seguras, especialmente para quem está começando com pouco capital”, contou. O economista Ricardo Paixão destacou que um erro também muito cometido é usar dinheiro das contas empresariais para fins pessoais. “Um erro grave que muitos cometem é pegar um dinheiro do caixa da sua empresa e ir curtir as férias de final de ano em outro país, por exemplo. Tem que separar se não o risco é gerar um endividamento fora do controle”, destacou. Para quem quer iniciar uma pequena empresa, a capacitação é o primeiro passo, reforçou a analista do Sebrae-ES. “O Sebrae oferece mais de 100 cursos gratuitos e acessíveis, inclusive por WhatsApp”. Riscos para a Previdência Social A redução nas contribuições coloca a Previdência em risco. Com celetistas passando a ser pessoas jurídicas, os riscos são significativos para o futuro da Previdência Social, segundo a advogada trabalhista e previdenciarista Luiza Simões. “Isso porque o regime CLT garante contribuições mensais proporcionais ao salário, enquanto muitos profissionais PJ acabam recolhendo pelo valor mínimo ou de forma intermitente, priorizando o ganho líquido imediato”, explicou. Essa redução na base de arrecadação previdenciária pode gerar impacto direto no financiamento do sistema a longo prazo, especialmente considerando o envelhecimento da população brasileira e a necessidade de sustentar os benefícios previdenciários já concedidos, inclusive os assistenciais, destacou Luiza. Para se ter ideia, dos cerca de 4,8 milhões de trabalhadores demitidos com carteira assinada retornaram ao mercado como pessoas jurídicas entre 2022 e 2024, criaram um déficit previdenciário de R$ 61,42 bilhões e uma perda de R$ 24,2 bilhões na arrecadação do FGTS, segundo nota técnica do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O estudo do governo foi elaborado com base em dados concretos, obtidos por meio do cruzamento de informações dos CPFs de trabalhadores que pediram demissão sem justa causa entre 2022 e 2024. A partir da base de vínculos encerrados, a fiscalização verificou se essas pessoas passaram a constituir empresa como MEIs. “Com esses dados, realizamos uma análise comparativa para mensurar o impacto contributivo da nova condição jurídica do trabalhador. A diferença de arrecadação entre a condição de empregado e a de CNPJ é significativa, com impacto direto na sustentabilidade da seguridade social”, afirmou a auditora-fiscal do trabalho Dercylete Lisboa Loureiro. Além disso, o trabalhador que migra para PJ sem um planejamento previdenciário sólido corre o risco de chegar à aposentadoria com benefícios muito inferiores ao padrão de vida que mantinha na ativa, contou a advogada. “Por isso, é fundamental que o profissional PJ adote estratégias conscientes, como contribuições complementares ou planejamento previdenciário, para garantir segurança financeira no futuro”, disse. Mortalidade em negócios Negócios “quebrados” O fechamento de pequenos negócios e empresas no Estado é um fenômeno complexo com diversas causas. Dados mostram que 60% das empresas fecham antes de completar cinco anos de atividade. A falta de gestão eficiente é apontada como um dos principais motivos para o fechamento. A alta competitividade em certos setores pode dificultar a sobrevivência de pequenas empresas. A falta de pesquisa e análise do mercado-alvo, bem como a falta de conhecimento sobre as necessidades dos clientes, podem levar ao fracasso. Fatores que contribuem para o fechamento Muitos pequenos negócios não dão certo devido a uma combinação de fatores, incluindo a falta de planejamento, má gestão financeira, dificuldades de relacionamento entre sócios ou membros da equipe, falta de capacidade comercial, e escolhas inadequadas de colaboradores, parceiros e fornecedores. Além disso, a falta de adaptação ao mercado e a negligência com o cliente também podem levar ao fracasso. Muitos empreendedores iniciam sem um plano de negócios estruturado, o que dificulta prever custos, entender o mercado, identificar o público-alvo e traçar estratégias de crescimento. Neste ano, 59.266 foram abertas no Estado, enquanto 35.482 fecharam. Nos 12 meses de 2024, 91.322 foram abertas, enquanto 54.646 fecharam. Dicas para empreender Mais importante do que o produto é entender qual dor do cliente o negócio se propõe a resolver. Essa clareza define o valor que será percebido e sustenta a proposta no mercado. Converse com possíveis clientes, identifique lacunas, analise concorrentes e encontre um diferencial. Nenhum negócio sobrevive sem propósito claro e utilidade comprovada. Falhas acontecem, especialmente no início. O aprendizado está na forma como o empreendedor lida com o erro e transforma a experiência em ação. Saber quem é o cliente ideal e entender seus hábitos e comportamentos permite tomar decisões mais precisas e aumentar as chances de sucesso. Misturar contas pessoais com o caixa da empresa é um erro recorrente — e perigoso. O acompanhamento diário dos custos, despesas e receitas ajuda a manter o negócio viável. A falta de organização financeira está entre os principais motivos de falência. Por isso, contar com apoio contábil qualificado e manter uma rotina de controle desde o início pode garantir a saúde do negócio. A presença on-line é quase obrigatória hoje. Crie um site, redes sociais e explore estratégias como marketing de conteúdo, anúncios pagos e SEO para atrair clientes. Abrir um CNPJ (como microempreendedor individual, por exemplo) facilita a emissão de notas fiscais, acesso a crédito, legaliza sua atividade e traz mais segurança jurídica.

Produtos afetados pelo tarifaço dos EUA podem ser levados para o mercado europeu

Produtos afetados pelo tarifaço dos EUA podem ser levados para o mercado europeu

O governo do Estado busca parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (ApexBrasil) para garantir a participação dos empreendedores capixabas dos setores do agro e de pescados, impactados pelo tarifaço dos Estados Unidos, na maior feira de alimentos e bebidas da Europa. O interesse foi apresentado nesta quinta-feira (7), e tem como objetivo a abertura de novos mercados. A feira Anuga 2025 será realizada na cidade de Colônia, na Alemanha, de 04 a 08 de outubro. A última edição contou com quase 8 mil expositores de 118 países, com US$ 530 milhões em geração de negócios. A inclusão dos empreendedores capixabas na feira faz parte das ações emergenciais estabelecidas pelo Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (CETAX), que além da diversificação e abertura de mercados alternativos estratégicos aos produtos impactados pelas novas tarifas impostas pelo governo norte-americano, mantém as negociações para ampliar a inclusão de produtos capixabas nas negociações do governo federal por isenção tarifária para exportação aos Estados Unidos e para revisão de normativas nacionais que restringem a competitividade das exportações capixabas e brasileiras. “Em razão do tarifaço ficou evidente para todos nós que precisamos reduzir a dependência do mercado americano e isso se dá buscando novos mercados, novas rotas de comercialização. E um evento dessa importância é uma alternativa muito concreta para apresentar a qualidade da produção capixaba ao mundo, a outros mercados. Tudo indica que a relação com os Estados Unidos vai continuar tensa, vai continuar instável. Essa redução da dependência é estratégica. Esse é o foco, novos mercados para o Espírito Santo”, destaca o vice-governador, Ricardo Ferraço, coordenador do CETAX. Compõem a lista do Governo do Espírito Santo para participação na Anuga 2025 empreendedores dos setores de café, cacau, gengibre, mamão, macadâmia, ovos de galinha, carne de frango, pimenta-do-reino e pescado. As presença e visibilidade na feira irão favorecer em curto prazo o reposicionamento internacional e a geração de novos contratos comerciais para produtos capixabas afetados pelo tarifaço americano. Mercado na Argentina e no Japão A carne bovina pode ter como destino Japão, China e Argentina. Com os nipônicos, as tratativas estão em negociação. Já a Argentina, conhecida por sua tradição pecuária, está importando cada vez mais carne bovina do Brasil, o que também tem acontecido com a China. O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Faes), Júlio Rocha, destacou que é viável a exportação para o Japão, e aumento para chineses e argentinos. Além disso, a China pode absorver a produção capixaba de café. O presidente do Sindicato Patronal da Indústria do Café do Espírito Santo (Sincafé), Aildo Mendes Fonseca, explicou que as exportações de café para a China tem crescido exponencialmente. “Sobre liberação de mais 183 empresas brasileiras para o comércio, acredito que só no médio e longo prazo teremos impactos positivos”. Diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos disse que “a respeito de novos mercados, é crescente o consumo em algumas nações da Europa e, em especial, da Ásia, como Índia e China”, mas que no momento, a “a prioridade ainda é chegar a acordo com os EUA”. Apoio a setores Debruçado sobre a realidade de cada setor impactado pelas tarifas econômicas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o Brasil — especialmente sobre os efeitos diretos no Espírito Santo — o Governo do Estado prepara medidas de apoio aos setores produtivos afetados. O diagnóstico está sendo conduzido pelo Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação, coordenado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, com a participação de representantes de diversas Secretarias de Estado e instituições capixabas. Integrante do comitê, o secretário de Estado de Desenvolvimento, Rogério Salume, destacou que a equipe do governo está mobilizada e estruturada para responder rapidamente aos impactos da nova política comercial norte-americana. Segundo ele, o plano de ajuda do governo prevê linhas de crédito específicas e até isenção fiscal: “Já temos mais de 50% da pauta exportadora do Espírito Santo contemplada na lista de exceções dos EUA. Mas, por exemplo, o café, as frutas, gengibre, carne e o granito ainda estão fora. Precisamos proteger esses setores e evitar o desemprego”, afirmou.