Uma operação para prender um traficante do Espírito Santo no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, teve intenso confronto entre policiais civis e criminosos na manhã desta sexta-feira (21).
Segundo relatos de uma moradora, uma bala perdida atingiu a parede da sua casa. Próximo do local do disparo, estava a roupa de uniforme de uma criança. O tiroteio foi na região das comunidades Conjunto Esperança e Vila do João, que ficam às margens da Avenida Brasil.
“A roupinha da minha filha separada no sofá, por pouco não atingiu minha televisão. Meu Deus! Misericórdia!”, disse.
Fotos e vídeos nas redes sociais mostram carros blindados – os famosos caveirões (foto principal) – usados pela polícia na operação.
De acordo com a Polícia Civil do Rio, o Centro de Operações Especiais (Core) trabalhou em apoio aos agentes do Espírito Santo. Durante a ação, as equipes foram atacadas e houve confronto. O criminoso não foi encontrado e a operação foi finalizada.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, cinco escolas foram fechadas e duas unidades municipais de saúde suspenderam o funcionamento.
Por causa dos intensos confrontos, funcionários da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) receberam um comunicado interno de nível de segurança 3, acionando um plano de contingência.
A orientação era de que ninguém saísse do campus. Para os que ainda estavam em casa, a recomendação era o trabalho remoto. O alerta também destacava que os trabalhadores deveriam evitar acessar o local pela Avenida Brasil.
Em nota, a Fiocruz afirmou que, com o fim da operação da Polícia Civil, a Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial dos campi retornou ao nível 2 para o Campus Maré, em estado de atenção. A circulação de funcionários agora está liberada e equipes de segurança monitoram a situação.
Outra operação
No dia 29 de janeiro, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio, em parceria com agentes do Espírito Santo, realizaram uma outra operação conjunta no Complexo da Maré para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra integrantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP).
Ao todo, 10 pessoas foram presas, sendo sete no Rio e três no Espírito Santo, e 17 contas bancárias foram bloqueadas. Além disso, houve mais de 30 barricadas retiradas e 20 automóveis, entre carros e motos, recuperados.
Na ocasião, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram interditadas nos dois sentidos, por volta das 4h30, na altura da Fiocruz, em Manguinhos. Às 5h, as pistas já haviam sido liberadas.
A ação, denominada “Conexão Perdida”, mirava traficantes do Espírito Santo que utilizam a cidade do Rio como base estratégica.
De acordo com investigações, o grupo extorquia funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar nas áreas controladas pela facção mediante o pagamento de mensalidades que chegavam a R$ 10 mil.
Além disso, para gerenciar e ocultar os valores ilícitos, os criminosos possuíam diversas contas bancárias, incluindo as de uma casa lotérica e de um “banco paralelo” – instituição financeira irregular que operava dentro do Complexo da Maré, oferecendo empréstimos para os moradores da comunidade.
Entre os presos, está uma mulher apontada como uma das responsáveis por lavar o dinheiro da organização. Em apenas cinco meses, a investigada movimentou R$ 27 milhões por meio de uma empresa de fachada.