sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Família é presa por fabricar e vender armas clandestinas no ES, tendo faturado ao menos meio milhão em um ano

 

Uma família inteira foi presa suspeita de fabricar, negociar e distribuir armas caseiras em Vitória e municípios da Região Metropolitana. Pai, mãe, filhos, irmãos e cunhados mantinham uma fábrica de armas clandestinas em um sítio, no interior de Cariacica. Seis pessoas foram presas. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (26).

Segundo as investigações, cada membro do grupo tinha uma função estabelecida, que ia desde a produção do armamento até a entrega. Os integrantes do esquema vendiam do varejo ao atacado, para quem encomendasse, e cobravam de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil por “peça”.

No ano passado, entre maio e dezembro, eles venderam pelo menos 200 unidades, ou seja, um faturamento de pelo menos meio milhão de reais.

A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) descobriu o esquema durante a Operação Legado Armeria, que começou em 2023, e as investigações foram finalizadas nesta semana.

Em dezembro, na primeira fase da operação, a fábrica onde as armas eram produzidas foi descoberta, em um sítio em Cariacica, na Grande Vitória. Foram apreendidos diversos materiais, como pistola e carabina.

Na ocasião, Wilrison Manske foi preso em flagrante. Ele é apontado como um dos fabricantes das armas. As investigações continuaram e outros integrantes do grupo foram identificados. A surpresa para a polícia veio com a descoberta de que todos faziam parte da mesma família.

As prisões dos outros cinco membros do grupo aconteceram no dia 23 de abril, em casa e em seus locais de trabalho, nos municípios de Serra e Cariacica.

Segundo a polícia, para disfarçar a entrega das armas, em algumas situações toda a família ia ao destino da venda em um mesmo carro, como se tivessem fazendo um passeio.

O delegado Daniel Belchior falou sobre a atuação da família. “Duas pessoas eram responsáveis pela fabricação das armas e as demais pela logística de distribuição, pelo sistema de pagamento e pelas tratativas de negociação com aqueles que se apresentavam como interessados nas armas de fogo que eram produzidas”, disse.

Quando Wilrison Manske foi preso, ele contou à polícia que aprendeu a fabricar as armas pela internet. Essa informação desencadeou outra investigação. Na semana passada, sites que ensinavam a fabricar e que também comercializavam armas foram retirados do ar. Ninguém foi preso até o momento.

Alguns membros do grupo tinham trabalhos formais e isso foi considerado durante as investigações como uma alternativa para despistar a polícia.

“Eles conciliavam a atividade formal com a vida criminosa. Uma das mulheres trabalhava como professora, um homem atuava como auxiliar de serviços gerais, e outro em uma loja que vendia ferros”, disse o delegado.

Belchior falou ainda sobre o desafio em investigações sobre desse tipo. “Investigações de fabricação de armas caseiras envolve não só a dificuldade de rastrear as armas como também as pessoas que fabricam, porque elas não possuem perfil de envolvimento com esse tipo de situação, às vezes não têm passagem criminal, mas em função de um atrativo financeiro acabam se dedicando à atividade criminosa”, concluiu.

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