Um biomédico foi denunciado por realizar cirurgias plásticas, de forma ilegal, em uma clínica de estética localizada na Enseada do Suá, em Vitória. Segundo a Polícia Civil, o investigado causou diversas deformidades em mulheres durante os procedimentos estéticos.
As investigações começaram após uma das vítimas ir até o 3º Distrito Policial de Vitória informar que havia feito um procedimento cirúrgico, que lhe causou deformidades permanentes. Até o momento, sete mulheres já procuraram a polícia para denunciar o biomédico.
De acordo com a Polícia Civil, o investigado estava com o registro do Conselho Regional de Biomedicina (CRBM) suspenso há sete meses. Mesmo assim, realizou mais de 600 procedimentos cirúrgicos.
“Ele não poderia fazer esse procedimento porque ele não é médico. Trata-se de um biomédico, que não tem habilitação para fazer procedimentos invasivos, com incisões e cirúrgicos. Então nós representamos pelo mandado de busca e apreensão para identificar eventuais outras vítimas, além dessa em que foi gerado esse inquérito policial”, destacou o titular do 3º Distrito Policial de Vitória, delegado Diego Bermond.
Segundo o delegado, o biomédico vai responder pelos crimes de estelionato, lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da medicina. Porém, poderá ser enquadrado em outros crimes.
“Ele já está denunciado pelo Ministério Público. A partir de agora, nós estamos na segunda fase da investigação para identificarmos outras vítimas. Até o momento, nós temos muitos elementos para talvez indiciá-lo também com relação a outros crimes”, frisou.
Diego Bermond também ressaltou os prejuízos provocados pelo biomédico nas vítimas. “Os danos são de várias ordens: financeira, psicológica principalmente, de ordem estética. São pessoas que compareceram à nossa unidade, para prestar esclarecimentos, arrasadas. Então isso traz repercussões de toda natureza para essas vitimas”.
Operação Ponto Cirúrgico
A Polícia Civil cumpriu um mandado de busca e apreensão na clínica onde o biomédico realizava as cirurgias e da qual ele é sócio. No local, os policiais encontraram outras irregularidades, como remédios vencidos ou sem data de validade, materiais cirúrgicos sem esterilização, entre outras.
A operação, denominada “Ponto Cirúrgico”, foi realizada pelo 3º Distrito Policial de Vitória, com apoio da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES), da Vigilância Sanitária de Vitória, do Conselho Regional de Medicina (CRM) e do Conselho Regional de Biomedicina (CRBM).
“No momento da inspeção que foi feita para o licenciamento, não foi, em momento algum, declarada a questão da cirurgia plástica, que foi o caso da investigação determinada pela Polícia Civil. Para nós foi uma surpresa quando a Polícia Civil nos informou que cirurgias plásticas estavam sendo feitas naquele local, uma vez que o local não é provido de centro cirúrgico, mas de cadeiras odontológicas, que estão aptas para pequenos procedimentos estéticos, mas não para cirurgias plásticas”, ressaltou a gerente de Vigilância Sanitária de Vitória, Viviane Barreto.