O Brasil tem 77,8 milhões de inadimplentes, ou seja, 47,79% da população não consegue arcar com suas pendências financeiras dentro dos prazos de vencimento. Segundo uma pesquisa divulgada pela Serasa, cada pessoa deve, em média, R$ 6.128,26. Reajustar as contas é desafiador, principalmente para quem ganha pouco. Mas a reportagem traz cinco passos estratégicos para virar o jogo e evitar situações piores.
“Quando se tem inadimplência, a pessoa perde o acesso ao crédito. Por exemplo, se o cartão de crédito não é pago, as instituições podem impor limites. Então a pessoa tem que mudar seus hábitos de consumo”, explica Ciro Burgos, coordenador do curso de Ciências Econômicas do Centro Universitário UniDomBosco.
Além da negativação do nome e da dificuldade para obter crédito, a inadimplência pode gerar risco de penhora de bens e impacto na saúde psicológica e física, alerta a Serasa. Os brasileiros com idades entre 41 e 60 anos representam a maior fatia da população com nome restrito, com 35,2%. Na sequência estão as faixas etárias de 26 a 40 anos (33,9%), acima de 60 anos (19,1%) e os jovens entre 18 e 25 anos (11,5%).
As dificuldades, explica Jeferson Carvalho, professor de Finanças da Estácio, não são fruto de um mero descontrole dos cidadãos. Mas de um cenário nacional difícil.
“Tem mais a ver com a falta de renda do indivíduo, aliada a elevadas taxas de juros. O rendimento médio dos brasileiros que trabalham chegou a R$ 3.270, em 2024, havendo muitos abaixo desse valor. Além disso, com o intuito de controlar um avanço da inflação, o Banco Central definiu um aperto monetário que perdura desde março de 2024. De lá para cá, só houve aumentos na Selic (atualmente, em 15% ao ano) e há um aumento relevante de gastos com juros da parte dos que tomam crédito”, critica.
Para a conta fechar dentro de casa, é preciso começar por um check-up da situação financeira, sem mascarar os problemas. A educadora financeira Aline Soaper explica as etapas da “volta ao azul” abaixo.
– Faça um check-up financeiro para saber qual seu real custo de vida e qual sua renda real (com todos os descontos no salário). Se o custo de vida está maior do que a renda, não adianta tentar resolver a dívida. É preciso reduzir os gastos ou aumentar a renda.
– É hora de fazer o levantamento das dívidas, com valor original e valor atualizado.
– Identifique as dívidas de mais risco, como financiamento de carro, casa e condomínio. Priorize o pagamento ou negociação dessas parcelas.
– Separe um valor mensal para ir quitando as dívidas de cartão de crédito, cheque especial ou outros financiamentos. Vale buscar renda extra para isso.
– Ajuste seu orçamento para conseguir cumprir os pagamentos e não assuma parcelas que não conseguirá pagar nos próximos meses. Venda coisas sem uso para levantar dinheiro e quitar dívidas uma a uma, em vez de negociar todas e reparcelar.