Um projeto de lei que pode mudar o atendimento de urgência e emergência em todo o Estado. A proposta obriga que todos os pacientes passem por um teste rápido de glicemia capilar — o popular “Dextro” — ainda na fase de triagem em hospitais, prontos-socorros e Unidades Básicas de Saúde (UBS).
O projeto foi apresentado pelo deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), presidente da Frente Parlamentar de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Diabetes na Assembleia Legislativa.
O exame é simples, rápido e de baixo custo. Basta uma gota de sangue retirada da ponta do dedo para que o glicosímetro indique, em segundos, o nível de glicose no sangue. Segundo Gandini, essa informação pode salvar vidas, já que muitas vezes o paciente chega com sintomas que se confundem com outras doenças.
“A triagem é um momento decisivo. Um teste de glicemia pode evitar erros de diagnóstico e garantir o tratamento certo, na hora certa. Essa é uma medida simples, mas que pode fazer toda a diferença na vida das pessoas”, afirma o parlamentar.
O deputado lembra que falhas nessa etapa inicial podem resultar em medicações inadequadas e complicações graves, especialmente em casos de hipoglicemia ou diabetes não diagnosticada.
Além de identificar emergências, o exame ajuda a detectar pessoas assintomáticas, ou seja, que ainda não sabem que têm alterações na glicose.
“Com esse teste obrigatório, conseguimos rastrear casos e prevenir doenças de forma mais eficiente”, completa Gandini.
O deputado fala do tema com propriedade. Ele descobriu que era diabético aos 37 anos, após passar mal e fazer exames de rotina que apontaram o quadro. Desde então, convive com a doença de forma controlada e tem atuado para que outras pessoas tenham acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado.
“Se eu não tivesse feito o exame naquela época, talvez minha história fosse outra. Por isso, acredito que quanto mais cedo o diagnóstico, mais vidas a gente pode salvar”, conta o deputado.
O Projeto de Lei nº 625/2025 será analisado pelas comissões de Justiça, Saúde e Finanças da Assembleia Legislativa. Caso aprovado e passe pela sanção do governador Renato Casagrande (PSB), o exame de glicemia passará a ser obrigatório em todos os atendimentos de urgência e emergência do Espírito Santo, valendo a partir da publicação da lei.
Libre
Gandini também é autor do Projeto de Lei 793/2023, que propõe a oferta gratuita do monitoramento contínuo da glicose, por sensores como o Libre, para crianças e adolescentes de até 18 anos com diabetes mellitus tipo 1.
O fornecimento gratuito de glicosímetros evitaria que esses pacientes tivessem de furar o dedo várias vezes por dia para medir a glicose, substituindo o método por tecnologias menos invasivas, dando maior conforto ao paciente.
“Cuidar da saúde das nossas crianças é um investimento no futuro. Elas merecem dignidade e conforto mesmo enfrentando uma doença crônica. Uma criança precisa ser furada até 10 vezes por dia para medir a glicose e aplicar insulina. Isso significa dor, sofrimento e um enorme desafio para as mães. O monitoramento contínuo elimina o uso de agulhas e garante um controle muito mais eficiente da glicemia, prevenindo complicações graves como problemas oftalmológicos, renais e cardíacos”, destacou o deputado.
Ao lado da coordenadora da Associação dos Diabéticos do Espírito Santo (Adies), Lorena Bucher, Casagrande testou pessoalmente a tecnologia, a pedido de Gandini: primeiro, utilizando o método tradicional de medição com agulha no dedo, e, em seguida, com o sensor aplicado no braço, conectado a um aplicativo no celular.
Casagrande frisou que o governo do Estado já dá atenção à causa, atendendo a 555 pessoas com o aparelho, por meio da análise na farmácia do Estado, mas garantiu que é possível avançar. Atualmente, são cerca de 270 mil diabéticos no Espírito Santo.