O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgou uma nota se posicionando sobre os graves riscos relacionados ao procedimento de ceratopigmentação ou tatuagem nos olhos — cirurgia que as influenciadoras Maya Massafera e Andressa Urach se submeteram recentemente.
O conselho afirma que a cirurgia é “estritamente indicada para alguns olhos de pacientes com cegueira permanente (ou com baixa visão extrema), com o objetivo de melhorar a aparência”. E explicam que a ceratopigmentação não é reconhecida como uma prática segura em olhos saudáveis, podendo causar o efeito contrário, ou seja, perda visual severa.
“O uso do procedimento com finalidades puramente estéticas não é recomendado. Há riscos de infecção, inflamação de difícil tratamento e a mudança da córnea é irreversível, causando dificuldades futuras para os exames internos do olho e para outras cirurgias, como da catarata”, alerta a presidente do CBO, Wilma Lelis.
Dentre os problemas que podem ser causados pelo uso indevido da ceratopigmentação estão: o surgimento de lesões na córnea (parte do olho correspondente ao vidro do relógio); que podem ser persistentes e levar à perfuração do olho; infecções graves (inclusive no interior do olho); inflamações (uveítes) e aumento da pressão intraocular.
Nesse contexto, o CBO alerta que essa técnica só deve ser empregada dentro de protocolos clínicos bem definidos, para fins reconstrutivos voltados ao bem-estar psicossocial de pessoas com deficiência visual permanente.
Como é feita a ceratopigmentação?
Na chamada “tatuagem da córnea” é empregada uma técnica cirúrgica na qual micropigmentos de diferentes cores são implantados nas camadas mais internas da córnea para alterar sua coloração.
Na cirurgia, é aplicado um laser na superfície da córnea por 10 segundos, sem provocar dor graças à aplicação prévia de um anestésico. O objetivo é criar uma íris artificial que fica à frente da original. Depois, ele começa o procedimento cirúrgico para fazer a coloração.
“A ceratopigmentação pode ser uma saída para melhorar a autoestima de pessoas que já perderam totalmente a visão em um dos olhos e não se sentem confortáveis com a aparência do olho cego. Não é um procedimento estético comum, e só deve ser considerado quando outras alternativas, como lentes coloridas ou próteses, não funcionam”, explica o oftalmologista José Álvaro Pereira Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Córnea (SBC).
As duas sociedades reforçam que qualquer intervenção nos olhos deve ser conduzida sob orientação de um médico oftalmologista.
Os principais riscos da ceratopigmentação: infecções; perfuração do olho; aumento da pressão ocular; e redução da visão periférica.
Entenda os casos
A influenciadora Maya Massafera compartilhou na semana passada que viajou à França para realizar um procedimento para mudança permanente da cor dos olhos. Após a cirurgia, chamada de ceratopigmentação, ela passou a ter olhos verdes claros.
“[Fazendo] o olho com esse médico, que é considerado o melhor do mundo, você não consegue ver que é uma operação”, afirma a Massafera em um vídeo gravado antes da realização do procedimento estético.
Nesta semana, foi a vez de Andressa Urach compartilhar em suas redes sociais que fez o procedimento de ceratopigmentação em Nice, França. Ela passou a ter olhos azuis. “Realizei um sonho de infância”, escreveu na publicação em que contou sobre a mudança.
Pouco tempo depois da realização da queratopigmentação, Urach disse que iria ao médico logo quando voltasse ao Brasil, pois estava sentindo dor forte nos olhos.