Com um trabalho focado na educação, sobretudo na formação profissional e na geração de emprego e renda. É assim que Tyago Hoffmann (PSB), que é mestre em economia, define os principais objetivos seu primeiro mandato eletivo na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Ele destaca também a importância das rotas turísticas para o Estado.
Apesar de ser a sua primeira experiência nas urnas, o professor universitário de 42 anos, natural de Guarapari, não é um estreante na vida pública. Homem de confiança do governador reeleito Renato Casagrande (PSB), Hoffmann atuou como secretário de Governo nos dois mandatos do atual chefe do Executivo estadual.
Eleito com 32.123 votos, Hoffmann terminou o primeiro mandato de Casagrande como secretário-chefe da Casa Civil e o último mandato como secretário da Inovação e Desenvolvimento, antes de abrir mão do cargo para disputar as eleições. Na Prefeitura de Vitória foi secretário municipal de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana.
Em entrevista ao jornal e site Folha da Vila, Hoffmann também falou dos planos para as eleições de 2024 e de 2026, quando dever ser candidato a deputado federal.
Folha da Vila – Como é a relação de confiança e amizade com o governador Renato Casagrande?
Tyago Hoffmann – Tenho uma relação com o governador já de muitos anos e são muitos anos de convivência. E essa relação de confiança, que se construiu com o tempo. Fui conhecendo ele e ele foi me conhecendo. Eu ainda era muito jovem quando entrei. Eu já o conheço bem antes do primeiro governo dele, que começou em 2011. Mas quando eu entrei no governo, ele foi me conhecendo também profissionalmente. É sempre assim, numa relação que vai ganhando confiança com as pessoas. Não foi diferente comigo e com ele não. A gente foi ganhando confiança e hoje é uma relação muito próxima, muito respeitosa e de muita lealdade em especial. Mas não é uma lealdade gratuita. Porque, de fato, eu acredito e penso muito perto daquilo que o governador pensa e acredita, do que precisa ser feito em relação às políticas públicas do Espírito Santo e até do Brasil.
Então a gente tem uma sintonia de pensamento nesse sentido, daquilo que a gente acredita, daquilo que a gente acha que pode e deve ser feito para melhorar a vida das pessoas, daquilo que deve ser o comportamento das pessoas na atividade política. Acredito que quando você encontra pessoas, é igual um casamento. Você pode às vezes encontrar uma moça, ter uma paixão, mas quando você convive, as diferenças de pensamento são diferenças que não permitem que você continue em um relacionamento duradouro com aquela pessoa.
Mas quando você encontra alguém que você tem uma afinidade de pensamento, que você tem objetivos em comum, aquele relacionamento, na vida pessoal pode durar. E é um pouco o que aconteceu comigo e com o governador. Temos afinidade. Nós não pensamos igual, nós não somos a mesma pessoa. Nós discordamos em muitos momentos, mas naquilo que é o fundamental, naquilo que é o mais importante, naquilo que que são os principais valores daquilo que ele pensa em relação ao mundo, em relação à política, eu compartilho disso. Isso faz com que a gente tenha uma relação muito próxima de lealdade e de afinidade.
Folha da Vila – Qual o foco do foco de seu mandato de deputado estadual?
Tyago Hoffmann – Um deputado acaba atuando em várias frentes. Agora eu estou dando essa entrevista para você. Eu estou vindo de uma reunião com o secretário de saúde em que eu estava solicitando a ele uma série de demandas nos municípios que eu represento na área de saúde. Mas os meus focos principais, que foi o que eu falei durante toda a campanha, são dois: a questão da geração de emprego e renda e a questão da educação, em especial da educação e qualificação profissional, porque eu acho que são as coisas mais importantes e transformadoras na vida de uma pessoa.
Costumo dizer, nesse contexto muitas vezes, que a educação transformou a minha vida. Se hoje eu sou deputado, se eu criei uma relação com o governador, se eu fui deputado, se eu fui secretário por muitos anos, como fui, atuando em várias pastas, foi porque eu tive a oportunidade de estudar. Me formei, me graduei e fiz mestrado, me tornei professor.
Se não fosse a oportunidade de estudar, jamais chegaria aonde eu estou hoje. Venho de um bairro muito simples da cidade de Guarapari, de uma família muito simples. O meu pai é mecânico e a minha mãe é dona de casa. Não nasci em berço de ouro, eu não vim de família rica, não vim de família de políticos. Cresci graças ao meu esforço pessoal, ao entendimento do meu pai e da minha mãe, por toda a simplicidade deles, da importância da educação e de ter estudado. Então, essa combinação fez eu chegar aonde eu estou aqui hoje como deputado, graças a Deus, com muito orgulho, representando os capixabas.
Folha da Vila – Sobre as eleições do ano que vem. É possível que venha candidato a prefeitura de Guarapari, sua cidade natal, ou em outro município? Quais são seus planos para 2024?
Tyago Hoffmann – Não vou ser candidato em Guarapari. E basicamente porque eu não represento só Guarapari, uma vez que tem alguns deputados aqui que se você for olhar, tiveram uma votação muito concentrada e eu não estou falando isso como demérito não. É só um tipo de política diferente. No meu caso, tive uma votação muito espalhada. Eu tive voto nos 78 municípios. Guarapari foi o lugar onde eu tive mais votos.
Mas só pra fazer uma comparação, o Zé Preto teve 12 mil votos em Guarapari, e eu 4 mil votos, ou seja, ele teve em Guarapari três vezes mais votos que eu. Mas no total tive mais que o dobro que ele, que teve 15 mil e eu 32 mil votos. A minha votação foi muito espalhada.
Em 2024 não pretendo disputar nenhuma eleição. Pretendo ajudar pessoas que me ajudaram a se tornarem prefeitos ou para se reeleger em prefeitos, vice prefeitos e também ajudar aqueles que pretendem ou que querem se reeleger para ser vereadores em diversos municípios do Estado.
Folha da Vila – E para 2026, já tem algum plano de reeleição ou de disputar outro cargo?
Tyago Hoffmann – Disputaremos a eleição com absoluta certeza. Se Deus me der saúde e se eu estiver vivo e tiver essa graça da vida, vou disputar outra eleição em 2026 e não pretendo disputar novamente a eleição para deputado estadual. A eleição mais provável que dispute é para deputado federal. Não que eu não esteja gostando de ser deputado estadual. Estou gostando, muito feliz com o mandato, mas é que tem que abrir espaço para outras lideranças.
Entendo que a política não pode ser e nunca vi a política de maneira individualista. Vejo muito o exemplo do governador Casagrande e sou fruto disso. Fui alguém que fui cumprindo etapas, fui secretário, passamos uma experiência dura quando nós tivemos fora do governo, em 2015 e 2018, depois voltei. Passei pela Prefeitura de Vitória, voltei a ser secretário estadual, acumulei conhecimento, acumulei experiência e me candidatei a deputado dentro de um grupo. Acredito na política construída em grupo, então não posso ser eternamente candidato a deputado estadual.
Senão, de repente, um prefeito que eu ajudei numa cidade que tem potencial para ser deputado estadual e é do meu grupo político e eu sou estadual, ele vai ser o quê? Que eleição ele vai disputar? Então eu tenho que disputar outras eleições, abrindo espaço para que outros possam disputar a eleição estadual.
Tenho um compromisso, independente do cargo que eu vá disputar em 2026. Nós temos um compromisso com a defesa do legado do governador Casagrande. Então esse é meu compromisso central em 2026, independente do cargo, sou soldado do partido. Se o partido achar que eu tenho que disputar a Presidência da República, eu vou disputar. Mas nós temos que defender um legado. O Espírito Santo construiu um legado de política séria, de política feita de maneira honesta, que dá resultado para a sociedade. Então, isso é fundamental que a gente defenda em 2026 e eu vou trabalhar para defender isso, independente da eleição que eu disputar. Mas a mais provável eleição que eu dispute em 2026 é a de deputado federal.
Folha da Vila – Você falou de experiência. O que você traz de experiências nos seus mandatos nas secretarias? Quais as experiências que você traz para o seu mandato de deputado?
Tyago Hoffmann – A experiência no Executivo é muito rica também, como um aprendizado importante para quem agora é deputado. Quando você tem uma passagem pelo Executivo, tem mais uma visão daquilo que pode, daquilo que não pode ser feito. Assim, tem uma visão mais clara do que você pode fazer no seu mandato, que na parceria com o Executivo, vai dar resultado.
Na prática, às vezes as pessoas no Brasil têm muita dificuldade em entender o papel de um deputado, de um legislador e acabam até atribuindo ao deputado um papel muito que é do Executivo. Mas com a experiência que a gente tem no Executivo, a gente acaba tendo uma condição e uma visão dos problemas, das possíveis soluções, das propostas que nós podemos fazer aqui, enquanto Legislativo, para ajudar nessas políticas públicas.
Essa experiência e todas as experiências são importantes. Minha experiência na iniciativa privada, só numa empresa de pesquisa e consultoria trabalhei 12 anos. Então, essa experiência é muito válida também. Experiências são um acumulando do conhecimento, você não perde nunca. Então a experiência do Executivo me ajudou muito e vai me ajudar muito nesse mandato.
Folha da Vila – Recentemente foi sancionada sua primeira lei que institucionaliza a Rota da Ferradura, em Guarapari. Qual é a importância dessa lei para o turismo da cidade e do Estado por inteiro?
Tyago Hoffmann – Depois que fiz essa lei vários fizeram leis de outras rotas. Olha que importância! Primeiro, porque desde da criação da Secretaria de Turismo, que se eu não me engano foi em 2008, não me lembro muito bem, mas já tinha algum tempo que o Estado não tinha Secretaria de Turismo. Foi criado no final do primeiro ou no início do segundo mandato do ex-governador Paulo Hartung.
E a Secretaria de Turismo, seguindo as diretrizes do ministério, trabalha com um sistema de roteiros e roteirização do turismo. Porque você faz uma rota e naquela rota fica fácil para quem? Por exemplo, a iniciativa privada que vende um determinado município, uma determinada região, vender aquele roteiro. Se quer fazer um turismo de degustação de vinhos tem uma rota no Rio Grande do Sul, a Rota dos Vinhedos. Então você vai circular naquela rota e aí os governos, seja federal, estadual ou municipal, eles vão empenhar o seu esforço, os seus recursos financeiros para estruturar aquela rota, para sinalizar, para fazer asfalto ou calçamento, para fazer treinamento e capacitação dos empreendedores, para levar a linha de crédito para lá, para levar telefonia, para levar infraestrutura como um todo. Quando você institucionaliza uma rota, você coloca o poder público para lançar um olhar para aquele e para aquele roteiro.
E esse roteiro é lindo. Ele existe há mais de 15 anos. Esse roteiro, me lembro da minha infância e adolescência em Guarapari. A gente subia a montanha de Buenos Aires de bicicleta, fazendo trilha. Não tinha, não tinha calçamento, não tinha restaurantes lá, não tinha nada. Lá em cima, na comunidade, tinha um pequeno bar que servia almoço e tinha um campo de futebol. Era o que tinha lá. Hoje, se você andar lá, tem condomínios de luxo de casas, tem pousadas de excelente nível, tem restaurantes de excelente nível, tem produção de diversos produtos da agroindústria, cachaça, cerveja artesanal, queijos, vinhos artesanais e biscoitos. Hoje um turista vai pra lá, ele já tem atração. Então é o poder público concentrar ali, sinalizar e levar a infraestrutura necessária para que esse turista tenha conforto ali.
Folha da Vila – Ainda no assunto do turismo tem também o projeto da Rota Pedra Menina. Como você vê essa questão do turismo capixaba hoje? O caminho é esse, de criação de rotas, para atrair o turista nacionalmente e de divulgar o turismo do Estado?
Tyago Hoffmann – O meu mandato, como eu falei, o foco é educação e geração de emprego e renda. Para gerar emprego e renda você tem que ter atividade econômica. O emprego não surge do nada. Como é que surge um emprego? Quando alguém abre um negócio. por exemplo, se alguém abre uma portinha lá na em Pedra Menina.
Lá é um lugar lindo, e que vale a pena conhecer, é lindo demais, é uma beleza assim, estonteante. Você fica parado olhando aquela beleza magnífica. A natureza ali foi muito generosa.
É um lugar difícil para produção, que é muito montanhoso, mas lá eles conseguiram, através de tecnologia e de técnicas, produzir cafés de alto nível. Naquela região, quando alguém abrir uma cafeteria, vai precisar de alguém na cozinha, precisar de garçom. Então está gerando emprego e é um micro emprego. Não adianta em Pedra Menina e pensar que vai levar uma fábrica para lá que vai gerar 350, 400 empregos. Por que não vai? Não tem logística para escoar a produção. Não tem 300, 400 pessoas lá de mão de obra treinadas para botar na fábrica. Não é o perfil econômico daquela região. Então, olhar as regiões, o perfil econômico das regiões e propor coisas de acordo com esse perfil econômico é um desafio.
Lá é um lugar que tem dois potenciais econômicos: produção de café especial, cafés gourmets, cafés especiais de pontuação alta, cafés premiados internacionalmente cujo valor agregado é alto, e o turismo, o agro turismo, o turismo ecológico, o turismo sustentável, o turismo, a indústria limpa. Uma indústria que tem um olhar sobre a sustentabilidade ambiental. Isso tudo é importante.
Então, isso se encaixa dentro daquilo que eu pretendo fazer durante meu mandato, que é estruturar as rotas turísticas do Estado, trabalhar pelo agroturismo, pelas diversas modalidades de turismo, que é importante para geração de emprego e renda. E eu vou fazer muito isso no meu mandato.
Folha da Vila – Qual é a importância da criação da Secretaria das Mulheres?
Tyago Hoffmann – Vi a secretaria quando ela foi criada ali na votação. Fiquei muito bem impressionado com a inspiração do deputado Lucas Scaramussa. Queria ter tido a inspiração do deputado Lucas. Vou falar o que ele falou porque foi perfeito. Ele falou: “tomara que um dia não precise da Secretaria de Mulheres, mas enquanto houver desigualdade de gênero, como há hoje, precisa de fazer tudo o que for necessário para a gente trabalhar política para as mulheres”.
A importância da secretaria é exatamente ter um olhar focado na redução da desigualdade de gênero, o maior problema do Brasil. E é por isso que eu defendo educação, geração de emprego e renda. O maior problema do Brasil é a desigualdade social. E a desigualdade social se manifesta no nosso País de diversas formas. Uma delas é a desigualdade de gênero. Outra delas é a desigualdade das pessoas que tem cor diferente.
Porque com o negro fazendo a mesma coisa, com um branco recebe menos do que um branco, em média. Por que a população carcerária do Brasil é formada por mais de 80% de negros e pardos. E nós vamos fechar os olhos e fingir que esse país não tem desigualdade? A desigualdade social no Brasil se manifesta de diversas formas e uma delas é a desigualdade de gênero. Ter uma secretaria é lançar um olhar na redução da desigualdade social, lançando um olhar na desigualdade de gênero.
Folha da Vila – Qual a avaliação que você faz desse início de seu mandato?
Tyago Hoffmann – É difícil a gente fazer a avaliação da gente mesmo. Estou muito animado com o mandato. Estou aprendendo uma nova função profissional. Eu acho que nós temos já uma produção legislativa acontecendo importante e projeto de lei, indicações ao governador. Outro dia mesmo eu fiz uma indicação e agora eu vou fazer um ofício à ministra Marina Silva, exatamente lá em Pedra Menina, para ela trabalhar a infraestrutura de entrada do Parque do Caparaó pelo lado do Espírito Santo, pois lá de Minas Gerais está uma beleza para entrar. O lado do Espírito Santo está complicado. Você não consegue subir de carro até onde deveria conseguir. Isso leva o turista para Minas e faz com que o turista não entre pelo Espírito Santo.
Nossa produção legislativa está boa. Projeto de lei, indicações, ofícios. Essa parte está muito boa. O trabalho também de representação dos municípios, audiências com os prefeitos, com os secretários estaduais, visita aos municípios, enfim, o mandato é planejar, organizar e suor. Essa é a combinação.
Vamos trabalhar muito, também no final de semana. Eu gosto de trabalhar, que é outra coisa que me identifico muito como governador. A gente vai trabalhar muito pra honrar o mandato. Pertence ao povo. O povo me deu a honra de ser deputado. É uma honra para mim e eu preciso trabalhar para honrar quem me deu essa oportunidade.
Folha da Vila – Quais os desafios para os quatro anos de mandato?
Tyago Hoffmann – Fiz um projeto de lei, três na verdade, homenageando o ex-governador Albuíno Azeredo, o ex-prefeito de Vitória, Setembrino Pelissari, e o ex-prefeito de Cariacica, Aloízio Santos, dando o nome das estações do novo aquaviário. E eu estou preparando o que eu vou falar. Se esse projeto for aprovado, imagino que vá ser aprovado e sancionado pelo governador. É uma coisa que está na minha cabeça, como uma coisa central no meu discurso.
Na política você não consegue fazer tudo. É importante homenagear aqueles que passaram pela política e deixaram alguma marca igual, como se estivesse construindo uma casa. E todo mundo que passa bem deixa alguns tijolos se não consegue fazer a casa inteira. Mas tem que deixar alguns tijolos marcar sua passagem pela política. Esses três que eu estou propondo homenagear É claro que depende da aprovação dos demais deputados, mas acho que a gente vai conseguir aprovar. São pessoas que passaram e deixaram os seus tijolos.
É o que eu pretendo nos próximos quatro anos. Eu não vou resolver o mundo. Eu não vou resolver toda a desigualdade social do Espírito Santo, que é o que eu trabalho, vou dedicar, eu já dedico e continuarei dedicando a minha vida nisso. Não vou resolver tudo, mas eu pretendo deixar alguns tijolos.
Nós atuamos constantemente com uma meta que é trabalhar e focar o nosso mandato na redução da desigualdade através da geração de emprego e renda e da educação de qualidade. Então isso vai ser o foco do meu mandato e é isso que eu pretendo deixar alguns tijolos importantes nessa construção. E quando eu passar, outros virão depois de mim para continuar essa construção.