Um gari de 25 anos de idade, identificado como Diego Cajueiro, morreu após se envolver em uma confusão com agentes da Polícia Militar (PM) na última segunda-feira (4), na Barra do Jucu, em Vila Velha.
A família do jovem afirma que houve excessos por parte da polícia — enquanto a corporação afirma que a vítima agrediu e tentou roubar a arma dos militares.
Segundo a Polícia Civil, o corpo do jovem passou por um exame cadavérico no Instituto Médico Legal (IML) e, após o resultado, será identificada a causa da morte. Diego está sendo velado nesta quarta-feira (5) em uma igreja do bairro Barramares, no mesmo município.
O que diz a Polícia Militar
A PM informou, por meio de nota, que a confusão teve início durante um patrulhamento na Barra do Jucu, onde havia eventos de Carnaval autorizados pela prefeitura até as 18h.
“Contudo por volta das 21h, ainda havia pessoas na praça fazendo uso de bebida alcoólica e entorpecentes, o que levou à intensificação do patrulhamento. Ao passarem pela Rua Antônio dos Santos Leão, por volta das 22h, foi observado um grupo de sete indivíduos que se aglomeravam próximo a uma das barracas do evento”, disse a corporação.
De acordo com a polícia, neste momento, Diego teria proferido ‘palavras de baixo calão’ contra um dos policiais que estava na viatura. “Devido ao crime de desacato, imediatamente, os militares desembarcaram da viatura e caminharam na direção do suspeito, que estava junto ao grupo, visivelmente alterado”, diz a nota.
A corporação afirma que foi dada, então, voz de abordagem a Diego, que, junto com outros três homens, teriam ido em direção aos policiais. “Um deles desferiu chutes e socos contra um dos militares que tentava repelir a agressão através de técnicas de imobilização. Simultaneamente, o suspeito de 25 anos [Diego] se deslocou na direção de outro militar e também desferiu chutes e socos contra o PM, que fez uso da força e do bastão para repelir a agressão.”
A confusão continuou e, segundo a corporação, Diego tentou, por duas vezes, pegar a arma dos policiais. O jovem foi imobilizado, mas conseguiu fugir e acabou tropeçando em uma bicicleta. Outro policial tentou imobilizá-lo e os dois entraram em luta corporal.
Houve disparos de arma de borracha e os policias solicitaram apoio, pois o “o detido apresentava resistência”. Ainda segundo a polícia, “foi observado que ele apresentava escoriações pelo corpo e sinais de ter consumo álcool ou outras substâncias”.
Por fim, a PM afirma que Diego foi socorrido para o hospital e, durante o trajeto, “pediu desculpas aos militares pela situação”. Ele foi levado sob escolta para o Hospital Estadual de Emergência e Emergência, “contudo evoluiu a óbito após dar entrada na unidade hospitalar”, concluiu a nota.
O que diz a família
A família de Diego contestou a versão da polícia e afirmou que houve excesso por parte dos militares que atuaram na ocorrência.
Segundo uma irmã da vítima, o jovem foi agredido, algemado e levado para uma delegacia antes de ir até o hospital. Ainda de acordo com ela, testemunhas relataram que um cunhado de Diego foi xingado por um policial e, ao responder a ofensa, a confusão teve início.
Veja o que disse a familiar:
“O meu irmão estava agachado debaixo de uma árvore junto com meu cunhado, e aí foi quando os policiais passaram. A minha irmã disse que os policiais xingaram o meu cunhado e ele revidou o xingamento, o policial voltou e ‘caiu no braço’ com meu cunhado. Aí desceu outro policial e deu os cinco tiros de borracha que pegaram no meu cunhado, meu irmão foi pra cima do policial.
E aí os dois caíram brigando e meu irmão correu e tropeçou numa bicicleta que estava perto de uma van, e os policial arrastaram ele pra trás dessa van e bateram nele, algemaram ele e levaram ele ali pro DPJ do Jaburuna.
Quando chegou no DPJ do Jaburuna, o meu irmão estava com a fissura na cabeça e aí levaram ele pro hospital, ali mesmo perto do Jaburuna. E chegando lá, pediram para trazer ele aqui pro hospital São Lucas, porque o trauma que ele estava era na cabeça.
Trouxeram meu irmão atrás do camburão algemado, meu irmão saiu andando da viatura e foi para o atendimento do São Lucas. Quando ele estava lá dentro esperando sentado em uma cadeira o meu irmão teve uma parada respiratória. E aí a gente não sabe mais nada, e os policiais deixaram o meu irmão lá e foram embora”
O que diz a Polícia Civil
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que as circunstâncias da morte serão investigadas. “A Polícia Civil informa que o corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, para ser identificado e para ser feito o exame cadavérico. Apenas após os exames será possível confirmar a causa da morte. As circunstâncias do fato serão investigadas.”, disse a corporação.