Na década de 1990, iniciamos um debate inovador sobre a comercialização de areia para construção civil em sacos, semelhante ao modelo utilizado para o cimento. A proposta defendia que essa nova abordagem poderia revolucionar o setor, promovendo um arranjo produtivo capaz de classificar a areia em fina, média e grossa por meio de equipamentos de peneiramento, atendendo às demandas específicas do mercado. Além disso, incluía o desenvolvimento de embalagens apropriadas e benefícios como a redução do desperdício, geração de empregos e agregação de valor ao produto. Para o consumidor final, a compra de quantidades exatas atenderia às suas necessidades, evitando excessos e gerando um significativo ganho ambiental.
Desde então, muitos avanços foram registrados. Hoje, além do cimento, já é comum encontrar brita, areia, argila (barro) e outros materiais da construção civil comercializados em sacos. Essa mudança tem contribuído para minimizar os impactos urbanos, reduzindo o tráfego de caminhões carregados com materiais a granel e os transtornos associados. Antes, era prática comum descarregar esses materiais diretamente nas calçadas ou ruas, causando sobras que inevitavelmente obstruíam redes de drenagem e esgoto, agravando problemas ambientais.
Contudo, a comercialização de areia em sacos ainda carece de regulamentação específica. Até o momento, os avanços alcançados foram frutos de iniciativas do próprio mercado, sem o apoio de políticas públicas que incentivem e organizem essa prática.
A falta dessa regulamentação torna-se evidente em situações cotidianas. A foto em anexo ilustra bem esse impacto: após uma noite de chuva, a areia de uma obra pública foi levada pelas águas, destacando a urgência de medidas que promovam uma gestão mais eficiente desse insumo. É necessário um esforço conjunto para transformar boas ideias em práticas consolidadas, garantindo benefícios econômicos, sociais e ambientais para a sociedade.
O texto acima reflete a opinião do autor.
Henrique Casamata é engenheiro.