As operações ferroviárias dentro do Terminal Portuário de Vila Velha devem ser retomadas ainda neste ano, com o transporte de ferro gusa, por exemplo. E o terminal de granéis líquidos, que já está em obras, impulsionará mais investimentos e atração de empresas para Vila Velha.
Esses foram alguns dos temas apresentados durante o 27º Café Empresarial da Associação dos Empresários de Vila Velha (Assevila), que aconteceu ontem, com o tema “Infraestrutura & Logística – Do Porto à Indústria: Oportunidades que Conectam”.
Segundo Gustavo Serrão, CEO da Vports, a fase 1 da volta das operações ferroviárias é a retomada do transporte de ferro gusa. Ele disse que dos contratos já fechados até 2027, são mais de R$ 1 bilhão em investimentos, e que muitos outros contratos virão, aumentando a capacidade de operação.
“São contratos de mais longo prazo que a gente está tendo que fechar, de 15 anos e de 20 anos. Hoje o porto (de Vitória) opera em 8,5 milhões de toneladas e não estamos falando de menos que o dobro (de aumento de capacidade), sem dúvida nenhuma, no horizonte de 5 a 10 anos”, disse Serrão.
O terminal de granéis líquidos de combustíveis do Consórcio Navegantes Logística – que são utilizados para recebimento, expedição e armazenagem de biocombustíveis, petróleo, derivados líquidos e GLP, já teve obras iniciadas, com previsão de conclusão em três anos, e investimento de R$ 300 milhões.
“É uma obra que já se lançou, e são três anos aí para poder ampliar a capacidade de armazenagem de granéis líquidos no nosso porto”, disse o CEO da Vports.
O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, disse durante o evento que o terminal da granéis líquidos tem potencial de ampliar a arrecadação do município em pelo menos 5%.
Arnaldinho destacou que o trabalho para buscar locais para ampliar a área retroportuária da cidade, como nas margens da rodovia ES-388, para ter desenvolvimento de indústria e de empresas.
“Precisamos tirar do papel a segunda ponte do Rio Jucu que vai dar uma capacidade diferenciada para a cidade de Vila Velha. Algumas terras, a exemplo de uma antiga pedreira, que tem 2 milhões de metros quadrados e já foi autorizada para o município, loteamento empresarial para ser área retroportuária”, disse.
E completou: “Mas não acaba nisso. A gente precisa de mais áreas e a gente está fazendo esse dever de casa para que Vila Velha seja competitiva ainda mais, com áreas a preço acessível e o município dando todas condições, desburocratizando e simplificando os processos para as empresas se estabelecerem”.
Com a chegada de novas empresas e investimentos, a estimativa é que mais de 17 mil empregos diretos sejam abertos nos próximos cinco anos, destacou o prefeito.
Com o expressivo número de vagas de trabalho que serão criadas, o presidente do ES em Ação, Fernando Saliba, lembrou que a maioria dos empresários hoje vive o drama que é o apagão de mão de obra.
“Nós do Espírito Santo tem Ação estamos trabalhando nesse tema. Porque para muitos o apagão de mão de obra pode estar ligado a questão só de programa social. E não é só o programa social. Tem outros pedaços da história que são a causa das pessoas que não estão no mercado de trabalho. A gente está trabalhando para fazer uma conexão entre as pessoas que estão disponíveis, entre as vagas das empresas e entre a academia”, disse.
O presidente da Assevila, Thomaz Tommasi, destacou que o evento proporcionou possibilidades de investimento para Vila Velha e o papel da cidade como impulsionadora da economia estadual.
“O evento foi um sucesso sob a perspectiva da Assevila e do desenvolvimento econômico da cidade. A 27ª edição do Café contou com grande presença de público, incluindo muitas personalidades importantes de Vila Velha e do Espírito Santo. Discutimos questões relacionadas à infraestrutura, à logística do porto e à indústria”, disse.
Possibilidade de negócios em Vila Velha
A Samarco retomará 100% das operações em 2028 com R$ 3,5 bilhões de investimento no Complexo de Ubu, em Anchieta, no Sul do Estado, segundo o gerente-geral de Operações do Complexo de Ubu, da Samarco, Alysson Werneck.
“Prevemos a retomada integral de nossa produção até 2028, atingindo 100% da capacidade. Nosso principal desafio reside no mineroduto. Os minerodutos 2 e 3 nos permitirão receber 28 milhões de toneladas de minério de ferro na unidade de Ponta Ubu. As usinas de pelotização, por sua vez, estão projetadas para produzir até 30 milhões de toneladas”, explicou.
Weneck destacou que até o final do ano será aprovado o projeto que prevê investimentos de R$ 13 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões são no Espírito Santo. “É um valor bastante expressivo para um período de dois anos e meio”, disse durante o evento da Assevila.
O representante da Samarco também comentou sobre possibilidades futuras em Vila Velha. Ele contou que as matérias-primas utilizadas na pelotização, como o calcário, são provenientes tanto da região de Cachoeiro de Itapemirim quanto de Minas Gerais, que precisam de transporte até o Estado.
“Acho que hoje é o grande start para a gente começar a construir, e quem sabe com o futuro a gente conseguir conectar essas duas pontas na região aqui de Vila Velha, que também tem muitos funcionários que moram aqui, mas realmente conectar de uma forma mais profissional, de uma forma mais ativa, contribuindo nesse desenvolvimento que o prefeito (Arnaldinho Borgo) tem se empenhado muito no sentido de deixar de ser aquela cidade conhecida como dormitório e realmente tenho percepção real do crescimento”, explicou.
O presidente da Assevila Thomaz Tommasi avaliou como muito positivo esse tipo de conexão e abertura de possibilidades.
“A provocação de que a Samarco pode um dia vir a fazer algum tipo de negócio com a Vports, se isso se tornar realidade, a Assevila vai ficar muito feliz e aí se cumprem esses papéis da associação, que são, além de promover o desenvolvimento econômico coletivo, de conexão”, disse.
“A ZPE de Vila Velha é um sonho”
O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, disse que tem dependências do setor privado para que a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) da cidade se torne realidade, na região da rodovia ES-388, em Jucu.
“A ZPE de Vila Velha é um sonho, mas não depende de poder público, depende mais do setor privado, no caso o proprietário da terra, que é a Fazenda Heringer, que tem um projeto muito antigo e que eu já tive reunido com eles”, contou.
Arnaldinho disse que já incentivou os proprietários e se colocou a disposição para “continuar dialogando com o poder federal, ou seja, com o preço do papel, que seria um grande marco para o Estado e para a cidade de Vila Velha, principalmente agora com a possibilidade de ZPE privada que não existia no passado”.
Além disso, Arnaldinho destacou que a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), que está em andamento em Vila Velha e deve ser concluída até março de 2026, é o eixo central para a transformação das áreas retroportuárias, por exemplo.
“A gente aproveita essa revisão do Plano Diretor Municipal pra que possa corrigir erros que não foram atentados na concepção dele em 2018, ouvindo a sociedade civil organizada, o setor privado, ouvindo também internamente os técnicos da prefeitura. E com isso a gente já tem identificado algumas áreas que podem ser melhoradas, que podem ser potencializadas, ouvindo também os proprietários das terras e também a característica e pensando no planejamento de futuro pra cidade pra onde ela vai desenvolver”, explicou.
DETALHES
Retomada da ferrovia no porto
As operações ferroviárias no Terminal Portuário de Vila Velha serão retomadas ainda este ano, com transporte, por exemplo de ferro gusa.
A ferrovia, ligada à Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), abre caminhos para a criação de uma nova rota logística entre a Região Centro-Oeste, com ênfase para o estado de Goiás, o Triângulo Mineiro e o Espírito Santo.
Terminal de granéis líquidos para combustíveis
O terminal de granéis líquidos de combustíveis do Consórcio Navegantes Logística – que são utilizados para recebimento, expedição e armazenagem de biocombustíveis, petróleo, derivados líquidos e GLP, já teve obras iniciadas, com previsão de conclusão em três anos, e investimento de R$ 300 milhões.
O consórcio foi o vencedor do edital para arrendamento, por 25 anos, de uma área greenfield com aproximadamente 74 mil m², que vai possibilitar uma ampliação significativa da capacidade do porto.
Localizado no Cais do Atalaia, o novo terminal terá um calado de 12,5 metros de profundidade e servirá para carga e descarga de navios e caminhões-tanques, recepção, armazenagem, análise e pesagem de produtos, além de limpeza dos tanques de granéis líquidos.
ZPE de Vila Velha
Conforme disse o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, para que a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) da cidade se torne realidade, na região da rodovia ES-388, em Jucu, há dependências do setor privado. O local é a Fazenda Paraíso, de propriedade do grupo Heringer.
100% de operações da Samarco
A Samarco retomará 100% das operações em 2028 com R$ 3,5 bilhões de investimento no Complexo de Ubu, em Anchieta, no Sul do Estado, segundo o gerente-geral de Operações do Complexo de Ubu, da Samarco, Alysson Werneck.
Até o final do ano será aprovado o projeto que prevê investimentos de R$ 13 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões são no Espírito Santo.