Um artigo assinado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases detectou variantes do vírus oropouche fora da região amazônica, nos estados do Espírito Santo, da Bahia e de Santa Catarina.
Os resultados sugerem que os vírus já estavam circulando nos estados há bastante tempo, fruto de exportações de Orov (vírus da febre oropouche) do norte do Brasil, onde a febre oropouche é endêmica.
Segundo os pesquisadores, os vírus tiveram rearranjos ao combinarem-se com outros vírus da mesma família (orthobunyaviruses) que circulam na Amazônia, em países como o Peru e a Bolívia.
Assinada por profissionais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), do Grupo Fleury e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a pesquisa se complementa a achados anteriores que apontaram a existência de uma cepa que se replica até cem vezes mais do que o vírus original.
“Todos os vírus que encontramos fora da Amazônia geneticamente são muito parecidos com vírus da Amazônia, ou seja, esse vírus já estava circulando nesses estados há bastante tempo, oriundos da Amazônia. Quando isolamos o vírus em cultura, vimos que ele se divide mais vezes. Achamos que, provavelmente, esses rearranjos fizeram o vírus ficar mais transmissível, e ele se espalhou”, diz Renato Santana, virologista da UFMG.
Neste caso, o rearranjo gênico foi causado por uma mistura de segmentos de RNA desses vírus, originando uma cepa diferente dos vírus originais. A pesquisa foi feita com o uso de diagnóstico molecular e sequenciamento de genoma completo. Foram analisadas 30 amostras clínicas e identificados seis casos positivos (dois na Bahia, um no Espírito Santo e três em Santa Catarina).