Mais de 1.200 pessoas aguardam por um transplante de córnea no Espírito Santo atualmente. Uma nova chance para ver a vida é o que doadores de córnea proporcionam para aqueles que têm problemas de visão.
E neste mês, marcado pela campanha Setembro Verde, a conscientização sobre a importância dessa ação de doar órgãos está a todo o vapor.
No último dia 12, no Instituto Médico Legal (IML), em Vitória, um encontro que reuniu profissionais que trabalham em prol da causa para celebrar resultados de uma parceria entre a instituição e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que tem colhido bons frutos.
Wanderson de Souza Lugão, médico legista e diretor do IML da capital, disse que a Sesa cedeu duas servidoras do Banco de Olhos para atuarem no IML fazendo a aproximação com os familiares de vítimas fatais.
Ele explicou que existia um convênio parecido no passado, que foi encerrado em 2019. Agora, com essa nova ação, o objetivo é diminuir e até mesmo zerar a fila de espera, que atualmente conta com cerca de 1.280 pessoas.
As profissionais que têm atuado para essa melhora nos números são Rosiane Haddad e Edirene Coninck. “No momento tão trágico, de perdas, quando há o acolhimento, a pessoa vê um alento ao dizer ‘sim’. Ela percebe que um pedacinho daquele ente querido ficará perpetuando aqui na Terra. É um contato emocionante com as famílias”, disse Rosiane.
Segundo Caroline Meirelles Mendes, enfermeira coordenadora do Banco de Olhos do Espírito Santo – Hucam, a taxa de recusa familiar para doação de órgãos e tecidos no Estado baixou em relação ao ano passado, estando em torno de 38%. “Mas ainda existem muitas famílias que recusam a doação”.
No IML, Wanderson falou que das 24 córneas que foram doadas, 32 famílias haviam sido abordadas.
Fila triplicou no Brasil
O número de pacientes na fila de espera por um transplante de córnea no Brasil quase triplicou nos últimos dez anos, passando de 10.734 em 2014 para 28.937 em junho de 2024. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais lideram o ranking de espera, com cerca de 12,5 mil pacientes. Os dados foram divulgados no dia 2 de setembro pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Em nota, a entidade avalia que a pandemia da covid-19 impactou significativamente os procedimentos eletivos. O aumento mais expressivo na fila de espera por um transplante de córnea foi registrado exatamente em 2020, quando o total saltou de 12.212, em 2019, para 16.337, um crescimento de 33%.
Nos anos seguintes, a lista de espera por um transplante de córnea continuou a aumentar: 20.134 em 2021; 23.946 em 2022; e 26.905 em 2023. Os dados se referem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e às redes privada e suplementar.
Além da interrupção de cirurgias eletivas na pandemia, o CBO cita insuficiência de doadores e melhorias na gestão de transplantes.
Fique por dentro
Doação de córnea
A córnea tem função protetora, desempenhando um papel fundamental na formação da visão. Transparente, ela funciona como uma lente sobre a íris focando a luz da pupila na direção da retina. E o transplante de córnea é o procedimento cirúrgico de alta complexidade que permite o tratamento de doenças que atingem o órgão e levam à cegueira.
Se você deseja ser doador de órgãos e tecidos, a primeira coisa a fazer é avisar a sua família sobre a sua vontade. É importante falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares possam autorizar a doação e retirada dos órgãos e tecidos. No País, a doação de órgãos e tecidos só é realizada após a autorização familiar.
Atualmente, há cerca de 1.280 pessoas na fila para o transplante de córnea.
Somente no IML, com a nova parceria junto à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), de abril a junho foram conseguidos 24 doadores.
Caroline Mendes, enfermeira coordenadora do Banco de Olhos, disse que a taxa de recusa familiar para doação de órgãos e tecidos no Estado baixou em relação ao ano passado, estando em torno de 38%.