O governo do Estado busca parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (ApexBrasil) para garantir a participação dos empreendedores capixabas dos setores do agro e de pescados, impactados pelo tarifaço dos Estados Unidos, na maior feira de alimentos e bebidas da Europa.
O interesse foi apresentado nesta quinta-feira (7), e tem como objetivo a abertura de novos mercados. A feira Anuga 2025 será realizada na cidade de Colônia, na Alemanha, de 04 a 08 de outubro. A última edição contou com quase 8 mil expositores de 118 países, com US$ 530 milhões em geração de negócios.
A inclusão dos empreendedores capixabas na feira faz parte das ações emergenciais estabelecidas pelo Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação (CETAX), que além da diversificação e abertura de mercados alternativos estratégicos aos produtos impactados pelas novas tarifas impostas pelo governo norte-americano, mantém as negociações para ampliar a inclusão de produtos capixabas nas negociações do governo federal por isenção tarifária para exportação aos Estados Unidos e para revisão de normativas nacionais que restringem a competitividade das exportações capixabas e brasileiras.
“Em razão do tarifaço ficou evidente para todos nós que precisamos reduzir a dependência do mercado americano e isso se dá buscando novos mercados, novas rotas de comercialização. E um evento dessa importância é uma alternativa muito concreta para apresentar a qualidade da produção capixaba ao mundo, a outros mercados. Tudo indica que a relação com os Estados Unidos vai continuar tensa, vai continuar instável. Essa redução da dependência é estratégica. Esse é o foco, novos mercados para o Espírito Santo”, destaca o vice-governador, Ricardo Ferraço, coordenador do CETAX.
Compõem a lista do Governo do Espírito Santo para participação na Anuga 2025 empreendedores dos setores de café, cacau, gengibre, mamão, macadâmia, ovos de galinha, carne de frango, pimenta-do-reino e pescado.
As presença e visibilidade na feira irão favorecer em curto prazo o reposicionamento internacional e a geração de novos contratos comerciais para produtos capixabas afetados pelo tarifaço americano.
Mercado na Argentina e no Japão
A carne bovina pode ter como destino Japão, China e Argentina. Com os nipônicos, as tratativas estão em negociação. Já a Argentina, conhecida por sua tradição pecuária, está importando cada vez mais carne bovina do Brasil, o que também tem acontecido com a China.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Faes), Júlio Rocha, destacou que é viável a exportação para o Japão, e aumento para chineses e argentinos. Além disso, a China pode absorver a produção capixaba de café.
O presidente do Sindicato Patronal da Indústria do Café do Espírito Santo (Sincafé), Aildo Mendes Fonseca, explicou que as exportações de café para a China tem crescido exponencialmente. “Sobre liberação de mais 183 empresas brasileiras para o comércio, acredito que só no médio e longo prazo teremos impactos positivos”.
Diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos disse que “a respeito de novos mercados, é crescente o consumo em algumas nações da Europa e, em especial, da Ásia, como Índia e China”, mas que no momento, a “a prioridade ainda é chegar a acordo com os EUA”.
Apoio a setores
Debruçado sobre a realidade de cada setor impactado pelas tarifas econômicas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o Brasil — especialmente sobre os efeitos diretos no Espírito Santo — o Governo do Estado prepara medidas de apoio aos setores produtivos afetados.
O diagnóstico está sendo conduzido pelo Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação, coordenado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, com a participação de representantes de diversas Secretarias de Estado e instituições capixabas.
Integrante do comitê, o secretário de Estado de Desenvolvimento, Rogério Salume, destacou que a equipe do governo está mobilizada e estruturada para responder rapidamente aos impactos da nova política comercial norte-americana.
Segundo ele, o plano de ajuda do governo prevê linhas de crédito específicas e até isenção fiscal:
“Já temos mais de 50% da pauta exportadora do Espírito Santo contemplada na lista de exceções dos EUA. Mas, por exemplo, o café, as frutas, gengibre, carne e o granito ainda estão fora. Precisamos proteger esses setores e evitar o desemprego”, afirmou.